A biologia explica!
Pouca gente fora da área de ciências conhece o nome desse alemão, que completa cem anos amanhã. Mais familiar é o conceito de espécie biológica, que ele ajudou a definir na década de 1940. E a teoria da evolução de Darwin, da qual ele é o maior guardião. Conhecido por colegas na Universidade Harvard apenas como Ernst, Mayr é a última lenda viva da biologia. Ele foi um dos responsáveis pela chamada Moderna Síntese Evolucionista, movimento acadêmico que juntou a teoria darwinista da seleção natural com a genética e a ecologia, dando origem à teoria da evolução de hoje.
"Ele é o principal acadêmico darwinista do século 20", diz o antropólogo David Pilbeam, de Harvard. Para o fisiologista Jared Diamond, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, Mayr "moldou a vida dos cientistas" do século passado. Legendário por sua determinação, pela defesa acirrada de suas idéias e por sua coragem -fez em 1928 o primeiro levantamento das aves da Nova Guiné, enfrentando malária e guerras entre tribos-, é também um observador privilegiado dos últimos 80 anos da história da biologia, que viram o darwinismo virar paradigma e o gene virar moda.
A importância de Mayr começa onde a habilidade de Charles Darwin para aparar as arestas da própria teoria terminaram. Darwin propôs a seleção natural como mecanismo evolutivo, mas morreu (em 1882) sem saber como a variação surgia nos organismos e era passada de geração a geração. A genética, fundada por Gregor Mendel, só seria plenamente estabelecida no começo do século passado. Os contemporâneos de Darwin, incluindo seu amigo Thomas Huxley, nunca compraram inteiramente suas idéias. "E, claro, os resultados de Mendel eram desconhecidos. O pensamento