Matematica
Equações da vida
Modelos matemáticos estão ajudando a responder a questões complexas das biociências; a Biologia Matemática nasce com promessas de renovação e o desafio de integrar áreas tão díspares
Vanessa de Sá unespciencia@unesp.br Shutterstock
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32 unespciência .:. março de 2012
ão é comum ver biólogos fanáticos por números e cálculos, nem matemáticos que passam horas apreciando flores, insetos, enfim, a natureza. É claro que os dois tipos até existem, mas estão longe de ser a regra.
A distância entre estas duas ciências e os estereótipos ligados a elas, porém, tende a encurtar. Um número cada vez maior de perguntas do mundo biológico está encontrando respostas no universo matemático.
O quebra-cabeça da vida – sobretudo das áreas de Ecologia, Epidemiologia e Genética – está ganhando uma série de equações.
Ciência jovem, fruto da fusão de áreas tão díspares, a Biologia Matemática (ou
Biomatemática) surge com propostas ambiciosas. Em artigo publicado em 2004 na revista PLoS Biology, o americano Joel E.
Cohen, da Universidade Rockefeller, nos
Estados Unidos, afirmou que “a Matemática é o novo microscópio da Biologia, só que melhor”, e que “a Biologia será a no-
va Física da Matemática, só que melhor”.
Ou seja, além de os modelos matemáticos darem novo poder de resolução para as análises biológicas, as perguntas das ciências da vida acabarão moldando uma nova base para a Matemática.
“A Matemática clássica, aquela do século
19 e de parte do 20, foi inspirada e moldada pelos problemas da Física”, explica o físico Roberto Kraenkel, que chefia o
Grupo de Biologia Matemática do Instituto de Física Teórica (IFT) da Unesp em São
Paulo e é um dos pioneiros dessa área no
Brasil. “A Biologia dará à Matemática um novo objeto de estudo, que certamente levará a progressos”, acrescenta.
O grupo do IFT vem usando o ferramental matemático para solucionar alguns mistérios que intrigam há tempos