A avaliação
Direcionado para seleção dos alunos com condições de prosseguir os estudos, onde aqueles que apresentam condutas "mais ajustadas" às exigências da Escola têm maior possibilidade de "ganhar os pontos para aprovação", os Conselhos têm-se constituído em espaço legitimador da exclusão dos alunos das classes populares da Escola.
O Conselho de Classe, a meu ver, ganhará sentido se vier a se configurar como espaço não só possibilitador da análise do desempenho do aluno e, mais, do desempenho da própria Escola, de forma conjunta e cooperativa pelos que integram a organização escolar (professores e outros profissionais, alunos e pais), como também de proposição de rumos para a ação, rompendo-se com as finalidades classificatória e seletiva a que tem servido.
58 Para que se efetive com tal sentido, é necessário haver uma intencionalidade comum entre os agentes da organização escolar, representativa de um projeto coletivo. Os depoimentos citados ilustram que, na ausência de um projeto comum de trabalho, torna-se uma farsa a existência de um espaço para "avaliação global do aluno" pelo conjunto dos profissionais.
Entendo que a proposição de tal projeto supõe o confronto entre os diferentes valores e posições que se fazem presentes na Escola e que "aparecem" nos momentos do Conselho por meio dos argumentos que são utilizados pelos profissionais na defesa da promoção ou retenção de um dado aluno.
Os confrontos e conflitos que emergem nos Conselhos do Classe não têm tido força para impulsionar o movimento de reflexão sobre essas divergentes posições.
Penso ser fundamental o reconhecimento de que há na organização escolar posições que se contrapõem à tendência dominante de "olhar a situação do aluno".
Assim,