A aparecia engana
A APARÊNCIA ENGANA
ANA SOARES DE BRITO
O beijo era muito molhado. O perfume adocicado estava impregnado nos ombros e pulsos. Roliça, sua pele macia e fresca fazia contraste com o lençol vermelho. O cabelo farto e amarelado grudava pelo pescoço e costas. As pernas curtas e pés gordinhos tinham força e peso suficiente para prender-se em volta dos quadris do amante.
Ele, jovem, mas experimentado nas relações intimas. Ela desejosa de perder a virgindade. Por três vezes estiveram um dentro do outro. Ela não gritou nem chorou só ficou muita vermelha, se de dor ou vergonha ele nem se preocupou em saber. O sono veio como um bálsamo para ambos. Mas o dia nasceu regalado fazendo um calor quase sufocante, tanto quanto a situação que ele agora se encontrava. Olhou para o cesto de lixo na esperança de ver ali as camisinhas que sempre trazia e usava em todas as relações, mas o que viu foi uma toalha com sangue e toalhas de papel molhados e amassados. Teve a curiosidade de olhar lentamente para aquela que fora sua “cachorra” naquela noite e espantou-se de sua grandiosidade. Seu corpo tomava a metade da cama. Seus seios eram fartos e descansavam sobre sua protuberante barriga que escondia sua intimidade, suas cochas estavam unidas até ao joelho que ainda tinha uns rastros de sangue. Seu rosto não era bonito, os lábios finos e o queixo enorme, as bochechas com algumas espinhas, a testa era larga e seu pescoço era curto e grosso. Parecia uma boneca de pano muito mal feita. Levantou bem devagar, vestiu as roupas e quando fechou a porta do quartinho da pensão, recebeu um vento fresco na cara como um refrigério e correu para casa na esperança de tomar um banho e chegar a tempo no trabalho. Alguns colegas de trabalho estavam reunidos na porta de sua sala esperando pra saber quem ele havia pegado e queriam os detalhes mais sórdidos que ele cometera naquele fim de semana, mais ele não estava a fim de conversa, e o que ele queria era esquecer de vez