socrates
Sócrates e Antifonte trocam ideias
Oh, Sócrates! – disse o sofista [Antifonte] creio que és justo mas, de modo algum, sábio; e parece-me que tu mesmo o reconheces não cobrando remuneração alguma por tua conversação. Não obstante, a ninguém entregarias gratuitamente, ou por menos do seu valor, o teu manto, a tua casa ou outra coisa que te pertença. É claro, pois, se atribuísses algum valor à tua conversação, também por esta cobrarias uma retribuição que não fosse inferior a seu justo preço. Poder-se-á, então, chamar-te justo, uma vez que não enganas por avidez, mas não sábio, visto que o que conheces nada vale.
Oh, Antifonte! – responde Sócrates – acreditamos que a formosura e a sabedoria possam empregar-se igualmente tanto de maneira honesta como desonesta. Se uma mulher vender por dinheiro a sua beleza a quem a pedir, chamar-se-á prostituta; e, do mesmo modo, aquele que vender sua sabedoria por dinheiro, a quem procurar, chamar-se-á sofista, vale dizer, “prostituto”. Ao contrário, se alguém ensinar tudo de bom que sabe a quem julgue bastante disposto por natureza e se torne seu amigo, cremos que esse cumpre com o dever do cidadão ótimo.”1
Xenofonte, Memorabilia (Livro I, cap. VI, 11-13). (Apud Mondolfo, Sócrates, pp.11-12; também, numa outra tradução, volume Sócrates da Coleção Os Pensadores, p.62).
Sócrates (em grego: Σωκράτης, AFI: [sɔːkrátɛːs], transl. Sōkrátēs; Atenas, c. 469 a.C. - Atenas, 399 a.C.)1 foi um filósofo ateniense do período clássico da Grécia Antiga. Creditado como um dos fundadores da filosofia ocidental, é até hoje uma figura enigmática, conhecida principalmente através dos relatos em obras de escritores que viveram mais tarde, especialmente dois de seus alunos, Platão e Xenofonte, bem como as peças teatrais de seu contemporâneo Aristófanes. Muitos defendem que os diálogos de Platão seriam o relato mais abrangente de Sócrates a ter perdurado da Antiguidade aos dias de hoje.2
Através de sua