Vivências de exclusão em crianças abrigadas
Vivências de exclusão em crianças abrigadas
Carolina Gobato Buffa Sueli Cristina de Pauli Teixeira Maria Clotilde Rossetti‑Ferreira Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto
Resumo: O abrigamento é visto como fator de risco desenvolvimental, fortalecendo o estigma e a exclusão social que sofrem crianças abrigadas. O objetivo deste estudo foi investigar como a condição de abrigamento perpassa as vivências e relações dessas crianças na escola, com base nas narrativas de crianças e técnicos de um abrigo. Participaram desta pesquisa duas meninas e dois meninos, de 10 a 13 anos, abrigados na mesma instituição, a coordenadora e a pedagoga desta. Utilizaram-se entrevistas semiestruturadas com cada participante e elaboração de narrativas pelas crianças. Trechos das narrativas que enfatizavam aspectos das relações das crianças na escola foram recortados e analisados. As crianças descreveram as interações escolares como conflituosas, frequentemente violentas. As profissionais do abrigo relacionaram isso ao abrigamento das crianças, apontando uma atitude de preconceito e exclusão. Tais interações parecem retomar o discurso do abrigado como fracassada, (re)atualizando a exclusão que sofrem. Ademais, indicam o fracasso da escola ao desempenhar seu papel de inclusão. Palavras-chave: abrigo; escola; interação; exclusão; crianças abrigadas. EXPERIENCES OF EXCLUSION IN CHILDREN IN INSTITUTIONS Abstract: Institutionalization is seen as a developmental risk factor, which, strengths the social stigma and exclusion that institutionalized children already face. The aims of this study was to investigate how the condition of being under care permeates the experiences and relationships of institutionalized children, from their own perspective and that of the professionals of the foster institution. The participants of this study were two girls and two boys, 10 to 13 years-old, attending the same institution, its coordinator and