A CRIANÇA ABRIGADA E SEUS DESAFIOS DE CONSTRUÇÃO DO SER E DO CONHECIMENTO
As dificuldades de aprendizagem se dão por vários fatores e esse trabalho visa tratá-las pelo viés dos vínculos afetivos saudáveis ou pela sua falta. As crianças que vivem em abrigos trazem na sua trajetória de vida um percurso de privações, rupturas e dificuldades de aprendizagem e na vida escolar. O abrigo conta com uma rede de apoio que se entende o abrigamento como medida de proteção, pode proporcionar novos estímulos para que a criança possa resignificar suas experiências. Uma adolescente tem ao longo da sua trajetória no abrigo uma história de superação e perspectivas de evolução. Ficam evidenciados com este estudo os transtornos que a criança sem vínculo seguro sofre e suas consequências na vida escola, social e pessoal. Dado a complexidade do tema e suas variáveis se faz necessário que o estudo das relações vinculares e educação requerem mais aprofundamento.
Cabecinha boa de menino triste. De menino triste que sofre sozinho. Que sozinho sofre – e resiste” - Cecília Meire
INTRODUÇÃO
As crianças dependem de vínculos afetivos e ambiente seguro para terem suas necessidades básicas desenvolvidas. No entanto, as condições socioeconômicas e psicossociais de muitas famílias não garantem que sejam capazes de oferecer a seus filhos o que eles necessitam para viver satisfatoriamente e se desenvolverem. As crianças institucionalizadas chegam ao abrigo por diversas razões, mas todas invariavelmente estão sofrendo algum tipo de risco. Podem ter sido vítimas de abuso sexual, violência doméstica, negligência, situação de miserabilidade e tiveram de alguma forma seus direitos violados. Elas são retiradas de sua família, que independente da condição, é sua única referência de lar. Esta ruptura da criança com o vínculo familiar pode ser parcial ou total, dependendo do entendimento e julgamento da Vara da Infância sobre cada caso. Essa criança é transportada a um novo espaço de convivência, e passará a residir no Abrigo, onde