VISÃO ÉTICA DA REALIDADE LATINO AMERICANA
A perspectiva ética do Documento de Santo Domingo
“Os analistas da realidade latino-americana concluem que, nos anos transcorridos entre a Conferência de Puebla e a de Santo Domingo, a pobreza cresceu em números absolutos e relativos. Não só cresceu a quantidade de pobres e sua proporção com respeito ao total da população, mas, ainda, se aprofundou o grau de pobreza. Os pobres, hoje, não são, unicamente seres explorados mas sobretudo excluídos dos bens a das decisões”.
Os pobres não são só os que carecem do necessário; simplesmente não contam: são excluídos, não são levados em consideração ma hora de organizar a sociedade e decidir as medidas econômicas e políticas que hão de influir, que queiram ou não, em suas vidas e em sua morte.
Esta constatação nos proporciona uma chave de leitura adequada para poder articular as idéias e propostas do Documento de Santo Domingo a fim de captar a coerência e o fio condutor de um texto que foi elaborado sem maiores pretensões de sistematização. O binômio exclusão-participação se constitui na ética que aqui nos interessa ressaltar: “as estatísticas mostram com eloqüência que na última década as situações de pobreza cresceram tanto em número absolutos como relativos. A nós, pastores, comove-nos até as entranhas ver continuamente a multidão de homens e mulheres, crianças e jovens e anciãos que sofre o insuportável peso da miséria, assim como diversas formas de exclusão social, étnica e cultural; são pessoas humanas concretas e irrepetíveis que vêem seus horizontes cada vez mais fechados e sua dignidade desconhecida” (SD 179).
O que mais salta à vista é que aumentaram clamorosamente “as situações trágicas de injustiça e sofrimento de nossa América” (SD 23), sobretudo a “desigualdade social e a violência” (SD 24). Isto não está alheio à implantação de “modelos econômicos exploradores e excludentes” (SD 255). Por isso, é necessário “denunciar a economia de