Teologia contemporaneas
Raimundo César Barreto Jr. Introdução Meu objetivo neste ensaio é propor um diálogo entre o realismo cristão – particularmente no pensamento de seu representante mais famoso, Reinhold Niebuhr – e a teologia latino-americana da libertação, com a intenção de ressaltar as semelhanças e diferenças existentes entre essas duas relevantes escolas teológicas. A importância desse diálogo pode ser mensurada pelo impacto que tanto o realismo cristão como a teologia da libertação têm causado como teologias populares na segunda metade do século vinte. Enquanto o realismo cristão de Niebuhr foi amplamente reconhecido como uma das mais influentes teorias cristãs no campo da ética social e da filosofia política no século vinte, a teologia da libertação causou um surpreendente impacto não só sobre a América Latina, mas também sobre outros povos pobres e deserdados espalhados pelo globo. Infelizmente, Niebuhr não viveu o bastante para se engajar em um diálogo com a teologia da libertação, já que esta só começou a ser notada pela academia no final dos anos sessenta e início dos setenta. Além disso, as teologias da libertação foram consideradas, inicialmente, apenas um fenômeno local, e muitos estudiosos imaginavam que elas não causariam grande impacto sobre as teologias de primeira linha que dominavam o cenário religioso na Europa e nos Estados Unidos naquela época. Por conseguinte, quase não houve, na época em que Niebuhr viveu, nenhum intercâmbio entre os teólogos do hemisfério sul e os do norte. No caso específico do realismo cristão e da teologia latino-americana da libertação, os primeiros diálogos ocorridos datam de 1973. Niebuhr já havia morrido, porém um de seus seguidores, Thomas G. Sanders, apelou para a autoridade de seu mentor ao se referir à teologia latino-americana da libertação como um tipo de “utopia branda”1. A resposta, igualmente vigorosa, veio do teólogo brasileiro formado pelo