VIRTUDES E TICAS
O filósofo grego Aristóteles, considerado por muitos o fundador da ética, sistematizou as definições éticas a partir da noção grega de “artê” – virtude ou excelência.
A palavra latina “virtude” origina-se de vir = poder. Poder para conseguir a passagem da “potência ao ato”, ou seja, do que é meramente possibilidade de algo bom à realização da ação boa, justa.
Arete ou virtude, é possível porque somos racionais, temos um “logos pessoal”, uma ordenação que conduz a nossa vida a uma finalidade escolhida por deliberação.
Virtude é ser potente para realizar a melhor ação entre todas as ações possíveis. É a potência pessoal para transformar algo bom, meramente virtual, em uma realização factualmente boa.
Ser virtuoso não é ser santo, é ser humano e optar pela ação que revela o melhor de si mesmo. É tentar viver cada momento presente da vida com cuidado, com prudência e com atenção.
Tudo isto porque o sábio reconhece que a ação é irreparável: depois de feita, se mal feita, como mudar o passado ? O sábio previne hoje os grandes arrependimentos do futuro.
Os valores éticos podem ser integrados em nosso cotidiano através da noção de virtude. E essa é uma das características básicas da virtude, a capacidade de se transformar numa ação modificada pela reflexão bem conduzida.
Na Antiguidade clássica e na Idade Média, quatro virtudes eram consideradas cardeais: a Prudência, a Justiça, a Coragem e a Temperança. Até hoje elas são assim denominadas porque em torno delas giram as outras virtudes.
Um ótimo material para pensar as virtudes éticas é fornecido pelo livro Pequeno Tratado das Grandes Virtudes porque o autor, André Comte-Sponville (Filósofo francês nascido em 1952), trabalha não só os valores considerados cardeais para uma vida ética como também alguns outros que, embora não sejam de importância cardeal são relevantes para a formação do caráter do cidadão. Vejamos alguns deles, escolhidos por nós não só por sua atualidade mas, também pela forma