Para um melhor entendimento das questes relacionadas com a tica do homem grego, necessrio investigar sua compreenso do divino e a natureza das relaes que com ele estabelecia. Na Grcia antiga, o mundo era repleto de deuses que governavam todo e qualquer mbito da atividade humana. Relacionar-se de modo correto com o divino, respeitando as leis determinadas por ele, era a possibilidade de um bom destino. Uma das questes fundamentais da tica grega, reiteradamente colocada pelo mito, aquela que prope a existncia de limites prprios natureza humana que no devem ser transgredidos para que haja equilbrio. Quando esses limites so desconsiderados ocorrem transgresses que atraem, segundo o mito, a punio divina uma forma de recuperar o equilbrio perdido. Ao mortal que desejasse ser caro aos deuses cabia a busca do Bem, do Belo e da Justa Medida, j que nada do que humano estvel e seguro, nem os desgnios divinos so claros para os homens. O homem apenas incerteza Devemos olhar para o termo de cada coisa e ver como ela findar, pois a muitas pessoas a divindade d um lampejo de ventura para depois aniquil-las totalmente. Deve-se aceitar a condio humana com aquilo que lhe prprio glrias e fracassos, fama e desonra, alegrias e dores e, sobretudo, os limites. Era a viso do mundo grega que estabelecia a necessidade de limites para as pretenses humanas e que percebia na ultrapassagem desses limites, a possibilidade de conseqncias funestas. Ao contrrio de incorrer em hbris, o homem deveria perseguir a sophrosne, a justa medida. O homem grego se movimenta no eixo hbris sophrosne na formao de seu carter, ao construir seus valores, ao buscar sua identidade. O logos filosfico de Plato e de Aristteles coloca a mesma dicotomia entre hbris e sophrosne j presente nos mitos. Mitos que encontramos na literatura grega, em especial na Tragdia. Os valores morais florescem a partir do mito. So eles que, primeiro, legitimam as aes humanas portadoras