violencia
Goethe defende que o olhar é sempre crítico. Apenas olhar não seria um estímulo, um estímulo é uma experiência que vai além do simples observar, cria um vínculo teórico e leva o observador a tirar suas próprias conclusões.
Cada olhar envolve uma observação, cada observação uma reflexão, cada reflexão uma síntese: ao olharmos atentamente para o mundo já estamos teorizando. Devemos, porém, teorizar e proceder com consciência, autoconhecimento, liberdade e – se for preciso usar uma palavra audaciosa – com ironia: tal destreza é indispensável para que a abstração, que receiamos, não seja prejudicial, e o resultado empírico, que desejamos, nos seja útil e vital. (Doutrina das Cores. Esboço de uma Doutrina das Cores – Goethe (tradução de Marco Giannotti)
Para Goethe a sensibilidade não é apenas receptividade, mas também impulsividade. As cores devem ser interpretadas duplamente como Leiden (paixão) e como Tat (ação) da luz.
As cores são ações e paixões da luz. Nesse sentido, podemos esperar delas alguma indicação sobre a luz. Na verdade, luz e cores se relacionam perfeitamente, embora devamos pensá-las como pertencendo à natureza em seu todo: é ela inteira que assim quer se revelar ao sentido da visão. (Doutrina das Cores. Esboço de uma Doutrina das Cores – Goethe (tradução de Marco Giannotti)
A natureza é algo construído pelos nossos olhos, e que existe apenas quando se revela aos sentidos.
“As leis naturais são feitas e relacionadas umas com as outras como se a Faculdade de Julgar as houvesse produzido para o seu próprio uso.”
A cor não é apenas a luz, mas também a impulsividade que nasce na paixão, no olhar como forma de criar a natureza. A luz não só está dentro de cada um, como acaba se identificando com o próprio sujeito.
Nesse ponto, Goethe parece se aproximar da obra de Kant. Em sua Crítica do Juízo a natureza é colocada de forma “estetizada”, pois o homem julga a natureza da mesma maneira que interpreta uma obra