VIOL NCIA ESCOLAR
Lições de matemática e português eram ensinadas quando a voz dos professores foi abafada por estampidos de tiros na porta da escola. “Os meninos começaram a berrar e a correr assustados para todos os lados”, lembra Ana Rosa, secretária de uma instituição de ensino estadual de Patos de Minas, no Alto Paranaíba. A mulher teve de ser corajosa. Correu pelos corredores, entre meninos e meninas de mochilas nas costas, até poder fechar a porta do colégio. “Quando estoura um tiroteio desses na rua, a gente tranca as portas, segura os alunos e torce para ninguém se machucar”, desabafa a secretária, que por motivo de segurança pediu para usar um nome fictício. O clima de tensão e violência não é realidade apenas desse colégio, uma vez que Patos de Minas é o município com mais ocorrências de crimes em que a referência é a escola, por alunos, entre as 29 cidades com mais de 100 mil habitantes do estado. Cruzando as ocorrências da Polícia Militar registradas dentro e nos arredores de instituições das redes particular, municipal, estadual e federal em 2011, com o número de estudantes de cada cidade, segundo dados oficiais do Censo Escolar elaborado pelo Ministério da Educação, o Estado de Minas fez um mapeamento inédito dos municípios onde há mais violência no meio escolar. A PM não informou o número de ocorrências em escolas no último ano.
As escolas de Patos de Minas apresentaram a pior taxa, de 267,2 ocorrências para cada grupo de 100 mil estudantes. Índice 48% maior que o segundo lugar no ranking, Juiz de Fora, na Zona da Mata, com 180,4 ocorrências por grupo de 100 mil alunos. Nesse contexto, a escola de Ana Rosa é emblemática. Como num cartão de apresentação, os muros da instituição exibem pichações com assinaturas de gangues. Em março, duas alunas de 15 anos foram repreendidas por fumar maconha em sala. Em vez de temer ações disciplinares, as adolescentes ameaçaram professores e diretores, indo parar na delegacia. “Quando é assim, a gente chama a