vidas secas
2. As linguagens em "Vidas secas"
A linguagem na obra "Vidas secas" é trabalhada em dois níveis: no nível externo temos as palavras como tentativas inacabadas de diálogos; já no nível interno os diálogos são apresentados como "erros" lingüísticos com coerência e com a capacidade de visualizar o mundo e os homens com o olhar mais reflexivo, identificando assim o espaço psicológico nos personagens.
De acordo com a realização de uma análise semiótica, que é uma associação em que um signo estabelece com o mundo e com outros signos com a função de representação, a obra "Vida secas" apresenta três tipos de linguagens: linguagem verbal, linguagem não-verbal e linguagem em monólogos interiores. Além de alguns aspectos lingüísticos em relação ao domínio, a falta e a proibição da linguagem.
a) Domínio da Linguagem
"E eles estavam perguntadores, insuportáveis. Fabiano dava-se bem com a ignorância.Tinha o direito de saber? Tinha? Não tinha?." (pág.22)
"Um dia... Sim, quando as secas desaparecerem e tudo andasse direito (...), os meninos poderiam falar,perguntar, encher-se de caprichos."(pág.25)
b) Falta da Linguagem
"Ordinariamente a família falava pouco. E depois daquele desastre viviam todos calados, raramente soltavam palavras curtas." (pág.12)
"(...) Um sujeito como ele não tinha nascido para falar certo." (pág.22)
"Tinha um vocabulário quase tão minguado como o do papagaio que morrera na seca." (pág.57)
"Como não sabia falar direito, o menino balbuciava expressões complicadas, repetia sílabas, imitava os berros dos animais." (pág.59)
"Às vezes uma interjeição gutural dava energia ao discurso ambíguo." (pág.64)
"O único vivente que o compreendia era a mulher. Nem precisava falar: bastavam os gestos." (pág.98)
c) Proibição da Linguagem