Vidas Secas

Paixão na Sétima Arte
Graciliano Ramos se consagrou na literatura brasileira por seu estilo linguístico conciso e temática de cunho social. Um marco em sua bibliografia se entitula Vidas Secas, que deu origem a um longa metragem com mesmo título dirigido por Nelson Pereira dos Santos, em 1963, cujo enredo retrata a situação miserável que uma família - Fabiano, Sinhá Vitória, seus dois filhos e a cachorra Baleia - passa durante a seca nordestina.
Com uma história cíclica e um roteiro tão seco quanto a própria trama, o filme dispensa trilha sonora, fotografia minusciosa ou qualquer outro efeito que desfoque da calamidade social. A cena é roubada pela forte interpretação das personagens por parte dos atores, onde muitas vezes o ditado de que uma imagem vale mais do que mil palavras ganha, verdadeiramente, o peso merecido. Outro destaque na filmagem é da Baleia - a cachorra -, que ganha foco substancial por ser o elo em qualquer aspecto emocional de família.
Em questão de entrenimento Vidas Secas passa longe de ser louvável; em questão de retratação, denúncia e posicionamento diante de um tema forte, expressivo e miserável o filme consagra seu mérito e me leva a recordar que a palavra "paixão", do latim "patior", significa sofrer e suportar. E o que mais poderia definir Vidas Secas, sem quebra de estilo e antagonia do que Paixão?
Essa é a questão realmente essencial que a obra, tanto de Graciliano, quanto de Nelson nos deixa subentender através de uma linguagem um tanto quanto subjetiva: a verdadeira felicidade - se é que existe felicidade verdadeira - está na própria casa, entre as alegrias da família.

é de que ninguém é uma ilha, somos feitos - eu e você e todas as pessoas - para viver em coletividade, seja ela a sociedade inteira ou apenas sua família. Vamos seguir nossos sonhos, temos tão pouco tempo.