VEROSSIMILHANÇA
Partindo de tal pressuposto, temos agora embasamento para discutir sobre o que vem a ser verossimilhança. Quando falamos em transfiguração do real, fazemos referência a um mundo imaginário, a algo criado pelo próprio artista. No entanto, não é porque a estória não é verdadeira que ela não deve possuir uma lógica, uma equivalência com a verdade.
Verossimilhança provém do latim verisimilis, cujo sentido se atém a “provável”, ou seja, a narrativa precisa ser constituída de um universo possível, no intuito de provocar no leitor a sensação de que algo pode realmente existir, acontecer. Assim, os fatos não precisam corresponder de forma exata ao universo exterior, mas necessariamente precisam ser verossímeis, semelhantes à realidade.
Com base nesse aspecto, podemos afirmar que a ficção, de uma forma geral, apresenta dois aspectos básicos, sendo estes:
* Verossimilhança externa – Trata-se daquilo que é aceito pelo senso comum, tido como possível, provável.
* Verossimilhança interna – Caracteriza-se pela coerência narrativa, ou seja, pela sequência temporal dos fatos. Esses, por sua vez, devem suceder temporalmente, isto é, uma causa (um fato), desencadeia uma consequência, dando origem a novos fatos e assim sucessivamente. Quando essa sucessão, por um motivo ou outro, se torna contraditória, constata-se que a narrativa adquiriu um aspecto inverossímil.
No intuito de verificarmos como a inverosimilhança externa pode se manifestar, atentemo-nos a dois exemplos, retratados a seguir:
- As narrativa fantásticas, muito bem representadas por Murilo Rubião, Franz Kafka, José J.