As crianças de Bangladesh
Bangladesh é um país muito pobre, bem mais pobre que o Brasil. É também um dos maiores exportadores do mundo no setor têxtil, onde se empregam mais de um milhão onde pessoas. Em 1992, mais de 50 mil desse empregados eram crianças de 14 anos, meninas em sua maioria. Crianças que não estavam estudando nem brincando; crianças cuja infância se resumia a produzir roupas que seriam vestidas por estrangeiros, e cujo salário mensal não era suficiente para pagar a conta de alguns jantares dos estrangeiros que vestiam as roupas por elas produzidas. O trabalho infantil era proibido por lei em Bangladesh, mas a lei "não pegou". Foi então que uma lei americana proibiu a importação para os Estados Unidos de produtos que utilizavam trabalho infantil. A lei Americana "pegou" e, consequentemente, o trabalho infantil nas indústrias têxteis de Bangladesh foi drasticamente reduzido. Cerca de 50 mil crianças foram dispensadas da dura vida nas fábricas.
Porque as crianças estavam trabalhando nas fábricas?
O que estava motivando essa escolha?
Essas escolhas não são totalmente livres.
O problema das crianças de Bangladesh era o conjunto de alternativas disponíveis, e não a escolha de trabalhar na fábrica em si.
Por que essa distinção importa?
As consequências da lei americana foram trágicas para as crianças. Elas não deixaram o trabalho para ingressar na escola, nem, tampouco, passaram a curtir as tardes brincando nos parques. A realidade mostrou-se muito mais difícil: elas se tornaram prostitutas, trombadinhas, ou foram trabalhar quebrando pedras na pedreira. Além disso, algumas mães tiveram que abandonar seus empregos para cuidar de seus filhos, acentuando o problema de pobreza daquelas famílias.
Não demorou para que as consequências negativas da lei fossem percebidas e, em 1995, após dois anos de penosa negociação, um novo e melhor acordo foi firmado entre a associação das indústrias têxteis de Bangladesh e a UNICEF. Esse acordo tinha como ponto