Verney
Teresa Payan Martins (CHC UNL) A história da publicação do Verdadeiro Método de Estudar, de Luís António Verney, está envolta numa atmosfera de segredo e clandestinidade, mas hoje, graças aos trabalhos de investigação do Prof. Banha de Andrade, o mistério bibliográfico encontra-se praticamente desvendado, pelo que
passamos a apresentar, em síntese, os pontos principais das suas conclusões: 1º – No início do ano de 1746, Luís António Verney, residente em Roma desde 1736, "com receio dos jesuítas romanos, dirigiu-se a Nápoles, em cujo Reino os inacianos sofriam perseguição da autoridade régia e eclesiástica",1 para diligenciar a publicação do Verdadeiro Método de Estudar, atribuindo a sua autoria a um «Padre Barbadinho da Congregação de Itália». Cumpridas as formalidades legais e obtidas as licenças necessárias (régia e eclesiástica), os impressores Gennaro e Vincenzo Muzio procederam à impressão da obra, em dois volumes [1ª ed.]; 2º – Em data que não se pode fixar com exactidão, mas provavelmente no final do ano de 1746, uma remessa dessa edição foi enviada para Lisboa. De acordo com a lei vigente, um visitador da Inquisição inspeccionou o barco onde tinham sido transportados os livros e apreendeu-os, para se proceder à sua apreciação. Não são conhecidos os pareceres emitidos pelos qualificadores do Santo Ofício, mas às consequências da sua prática censória se alude expressamente num processo da Inquisição de Lisboa, relacionado com este caso de fraude editorial:
[...] sendo público e notório nesta Corte que o Santo Ofício mandara recolher a primeira impressão que veio de fora do Reino e denegado a licença para eles correrem, pelos justos motivos que ponderam os Qualificadores nas suas 2 censuras.
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ANDRADE, António Alberto de. Vernei e a Cultura do seu tempo. Coimbra, Acta Vniversitatis Conimbrigensis, 1965, pág. 172. A.N.T.T., Inquisição de Lisboa, processo nº 523. Banha de Andrade transcreveu, em primeira mão, as partes