O português empregado pelas pessoas que têm acesso à escola e aos meios de instrução formal difere do português empregado pelas pessoas privadas de escolaridade. Algumas classes sociais e profissionais, assim, organizam e dominam uma forma de língua que goza de prestígio, enquanto outras são vítimas de preconceito por empregarem formas de língua socialmente consideradas "incultas". Cria-se, dessa maneira, uma modalidade de língua - a norma culta -, cujos modelos costumam combinar formas utilizadas por escritores considerados "clássicos" com outras codificadas em gramáticas prescritivas. A norma culta deve ser adquirida durante a vida escolar e seu domínio é solicitado como forma de ascensão profissional e social. Nos últimos tempos, tem ganhado força a idéia de que é necessário estabelecer com clareza as formas de uma língua-padrão, baseada principalmente no uso que os meios de comunicação fazem da língua portuguesa. Essa língua-padrão teria o importante papel de atuar como uma forma nacional e internacionalmente reconhecida da língua e seria adequada à elaboração de textos apropriados às interações profissionais e oficiais, além daqueles mais típicos das publicações jornalísticas. Neste livro, é principalmente a língua-padrão que se mostrará a você, por meio do trabalho de leitura e reflexão com diversos tipos de textos, particularmente aqueles extraídos de jornais e revistas. Também são socialmente condicionadas certas formas de língua desenvolvidas para que apenas os integrantes de um determinado grupo social as compreendam e empreguem adequadamente. Assim se formam as gírias, variantes lingüísticas que, para se manterem exclusivas de pequenos grupos, estão sempre em processo de