Vantagens comparativas do Brasil
O Brasil é uma potência no plano ambiental, energético e agrícola, e tem aí fortes vantagens comparativas. O fato de o país ter uma relativa abundância de recursos naturais possivelmente sem paralelo para provisão de serviços ambientais, geração de energias renováveis e uma agricultura tropical de grande escala, levou a transformações que marcaram a ascensão do país enquanto economia emergente cuja maior singularidade talvez seja a capacidade de contribuir com seus recursos, ainda que em certa medida “passivamente” e nem sempre remunerada, para o bem estar da humanidade.
No plano estritamente ambiental, os grandes biomas que têm o país por base territorial – particularmente a Floresta Amazônica – são percebidos como essenciais ao equilíbrio climático do mundo, e tem um aporte impar para a biodiversidade na Terra. Na dimensão energética, o país se posiciona na fronteira do uso de energias renováveis, com ênfase na biomassa (e nos recursos hídricos especificamente para geração de eletricidade), demonstrando o potencial de contribuição do etanol de cana de açúcar para uma matriz limpa, enquanto que sua agricultura tem um papel crescente na segurança alimentar global, e as tecnologias subjacentes são objeto de transferência para outros países tropicais.
Na realidade, pode-se descrever o posicionamento dessas grandes plataformas de vantagens comparativas ao longo de um gradiente de inovação tecnológica (e organizacional). No caso da agricultura brasileira, há uma mais ampla convergência ou alinhamento entre o potencial do país e os esforços de criar uma agricultura tropical altamente produtiva, e em movê-la na direção de uma agricultura inovadora e de baixo carbono. Nas demais áreas – energias renováveis, biodiversidade (base do extrativismo sustentável) e serviços ambientais -, permanece uma dissonância entre o que se avançou no passado (particularmente no campo da energia) e os esforços do presente expresso nos gastos em P&D. No