Uso de medicamentos em uma aldeia guaraní
Os medicamentos constituem uma das tecnologias biomédicas mais difundidas, sendo demandados e utilizados globalmente. A venda e o consumo de medicamentos cresceram significativamente, principalmente em países de alta renda. De modo geral, as pesquisas sobre medicamentos têm enfatizado fatores que envolvem o controle do mercado pelas indústrias farmacêuticas. No Brasil, também tem sido foco de estudos de base populacional o acesso o consumo e a percepção dos usuários sobre medicamentos, as pesquisas em antropologia dos medicamentos necessitam de uma visão ampliada dos processos de saúde – doença - atenção, contrapondo, portanto, ao caráter universal da concepção biomédica de doença. Ainda são poucas as pesquisas que enfatizam os medicamentos entre índios sob um olhar antropológico.
Os medicamentos são fortemente demandados pelas populações indígenas, quer seja por fatores históricos por observarem sua eficácia ou mesmo por estarem inseridos nos processos tradicionais de circulação e distribuição de recursos.
A saúde indígena no Brasil tem sido de responsabilidade da Fundação Nacional de Saúde, que baseada na Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. O presente estudo teve como objetivo a investigação sobre o consumo de medicamentos entre índios Guaraní de uma aldeia do litoral de Santa Catarina, Brasil. Os Guaraní correspondem a uma população transnacional as principais fontes de renda são a venda de artesanato e de CDs dos corais. Nas pesquisas domiciliares, em 2006 foram visitadas aproximadamente 50% do total de casas da aldeia sendo contadas 60 pessoas, a equipe de saúde contratada por uma ONG não-indígena prestava atendimento na aldeia uma vez por semana e entre janeiro e junho de 2008 foram realizadas 236 consultas, o médico atendeu a 109 pessoas. As classes terapêuticas predominantes foram às preparações para tosse e resfriado, os analgésicos, os anti-helmínticos, os antibacterianos para uso