Urbano viii contra galileu
Entrar na Basílica de São Pedro em Roma é como caminhar para dentro do Grand Canyon. Experimenta-se o mesmo sentimento de grandeza, de impressionante majestade. Ambos são em escala tão grande que um mero ser humano se sente insignificante – o que, no caso de São Pedro, é exatamente o efeito que seus criadores pretendiam produzir. Maior edifício religioso do mundo, a basílica tem o comprimento de dois campos de futebol, cobre 1,6 hectares e comporta até 50 mil pessoas. Em um de seus vastos mosaicos, a pena com que escreve São Marcos mede quase um metro e meio! A basílica demorou mais de um século para ser planejada e construída, e praticamente todos os grandes arquitetos e artistas do final do século XV ao inicio do século XVII – incluindo Michelangelo, Rafael, Bernini, Sangallo e Bramante – estiveram envolvidos em seu projeto. Mármore, bronze, dourados e espaços que se projetam para o alto combinam-se para criar uma experiência avassaladora. É só aos poucos que outros aspectos da notável estrutura começam a resolver-se em detalhes inteligíveis. Um desses detalhes é o grande baldaquim de bronze – quatro grossas colunas espiraladas sustentando um magnificente dossel de bronze sobre o túmulo de São Pedro. Assomando à altura do não muito distante Palazzo Farnese, ele domina o centro da basílica. Ao aproximar-se do baldaquim, os visitantes vêem emergir ainda um outro conjunto de detalhes. Na base das colunas acham-se alguns curiosos baixos-relevos ovais esculpidos em mármore, representando três abelhas voando em formação. Esse desenho é o brasão da família Barberini, e aparece não menos de oito vezes ao redor da base do baldaquim, e também ao redor do topo. Os Barberini remontam à Florença do século XI. Por volta do século XVI, a família tinha acumulado fortuna e exercia grande influência. Em 1623, Maffeo Barberini, então um cardeal de 55 anos, foi eleito Papa Urbano VIII, acrescentando com isso a força da