Em 1755 fez-se sentir em Portugal um terramoto de consequências devastadoras, seguido de um maremoto e, como se ainda não bastasse, um terrível incêndio. Este desastre fez-se abater sobre a cidade de Lisboa abrangendo toda a zona da Baixa, os bairros do Castelo e a zona do Carmo, ou seja, as zonas mais intensamente urbanas da cidade. Era imperativo reconstruir a cidade de imediato. De entre os vários projetos propostos para a reconstrução da cidade, Sebastião Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, escolheu a proposta de Eugénio dos Santos para reerguer Lisboa. Eugénio dos Santos, arquiteto e engenheiro militar, em conjunto com o engenheiro-mor Manuel da Maia e o engenheiro húngaro Carlos Mardel, traçou o plano de recuperação da capital. Propunha-se a construir uma cidade nova, de traçado moderno através de uma grelha hipodâmica, “Traçados que do ponto de vista semiológico se diria representarem a própria racionalidade da construção artificial e intempestiva, da urbe, pela claridade de uma geometria que é imposta às pré-existências naturais e aos acidentes dos sítios, e que ao mesmo tempo aparenta a igualdade dos cidadãos ou povoadores no vasto espaço que cobre” (Nuno Portas, “Arquitectura”, nº138, 1980), juntando a edificação e a urbanização: o traçado das ruas obedecia a critérios resultantes da procura de habitação. Cada edifício estava inserido numa lógica de quarteirão, tendo sido a sua estrutura pensada em termos de conjuntos de edifícios e não individualmente. Em cada rua as fachadas dos edifícios eram semelhantes entre si, apresentando mais ou menos a mesma altura, diferiam apenas de rua para rua consoante a sua importância. De modo a exaltar o poder civil, o Estado, as igrejas não teriam destaque, sendo encaixadas nos quarteirões. A reconstrução da baixa Pombalina esteve sob a responsabilidade da engenharia militar portuguesa, foi implementada a lógica de pré fabricação, construções em estacaria de madeira e a cidade medieval deu lugar a