Uma Vida Severina
Eliane Brum e Débora Diniz retrataram em 22 minutos todo o sofrimento e impotência de uma mulher em não ter o direito de decidir sobre o seu futuro. Foi necessário que algumas pessoas que ocupam cargos de poder pudessem autorizar ou não esse procedimento. Toda a vida da Severina como também da família dela, foi toda modificada em função do tempo em que eles ficaram esperando a decisão de uma pessoa dizendo o que seria “melhor” para a Severina. Era certo que a criança não sobreviveria, por que então obrigar a mãe a passar por todo esse sofrimento? Limitar nove meses da vida de uma mulher, porque ela está grávida, sendo que a criança não resistirá. É mais que uma tortura física, é uma tortura psicológica.
Depois de a Justiça autorizar a interrupção da gestação de Severina, ela encontrou outro problema: a resistência de alguns profissionais da medicina em realizar o procedimento. Porém como foi autorizado judicialmente, houve a obrigação em executa-lo. No vídeo também fica claro o descaso da saúde pública com a paciente. Severina precisou ficar horas esperando para ser atendida, sentindo dores de “um parto sem sentido”, como caracterizou a descrição do documentário. Será que era realmente necessário obrigar uma pessoa a passar por isso? Mais do que isso é a dor emocional de passar meses lutando pelo direito de decisão do seu corpo, a dor de ter que implorar por não ter que passar nove meses escutando e sentindo os batimentos cardíacos do feto sendo que não haverá vida em potencial. É necessário ter que esperar entrar em um estágio que ofereça riscos à saúde da paciente para só assim poder ser autorizado a interrupção? O