Uma radiografia das violências contra a mulher no brasil republicano
4.1 APRESENTAÇÃO
Esse atraente tema permite-nos estabelecer contornos de importância inestimável à crítica social, e é matéria de alcance em diversas áreas do conhecimento humano no que diz respeito à necessidade urgente de assumir a responsabilidade de instrumentalizar o poder público vocacionado a aperceber-se do drama feminino na sociedade brasileira, e instá-lo ao cumprimento das etapas reservadas à construção de uma radiografia histórica com o fito de apoiar ações de cidadania. Para isso debruçamo-nos diante de farta bibliografia na tentativa de tornar translúcido algo que tem-se constituído em objeto de digressões teóricas não raro entre membros da sociedade civil organizada, profissionais liberais, professores, analistas políticos e jornalistas, além de pessoas comuns interessadas em “problematizar” os papéis da mulher frente aos paradigmas do passado e do presente. Afinal se na conteporaneidade, novos rumos de uma sociedade em processo de transformação, e que bate à porta das instituições dentro e fora do aparato público, instruindo a intelligentsia em disciplinar a democracia e o estado de direito no país. Interpretar os fatores que trouxeram à baila os lamentáveis índices de violências contra a mulher, sejam elas doméstica ou noutro lócus, é permitir a pluralização manifesta na sociedade de um debate ainda hoje “represado” no seio da nação por mote que vem sendo elucidado à custa de faustosos esforços e de algo que custa caro à consciência dos homens públicos bem-intencionados e os governos, diante dos limites impostos pela fortuna[1].
4.2 A REPÚBLICA-MULHER A formação do imaginário da sociedade brasileira da fase imediatamente após implantação da República e mesmo dantes, no período do Manifesto Republicano (1872), as estruturas agrárias mantinham intactas as relações de poder e estas fincadas em diretrizes circunscritas ao Antigo Regime. A