Uma produção imagética, para fazer o quê?
MARC HENRI PIAULT
CNRS/EHESS – França
Resenha:
Os antropólogos utilizam câmeras e gravadoras como instrumentos de registro, sem se importar com problemas futuros à realização.
As reflexões de cineastas sobre realizações documentárias, permite-nos apreender melhor a ambição de uma Antropologia audiovisual que transcreve na e pela imagem e som da construção do ser humano em sociedade. Estabelecendo permanentemente uma relação entre o sujeito que descreve e aquele que observa: não é mais possível dissociar a descrição da interpretação, o que produzimos é mais do que uma simples produção do real, é uma impregnação de sentido. Husserl identifica como uma permanente intencionalidade do olhar no qual se percebe o mundo como espaço de co-existência. A idéia de objetividade e a proposição de uma Antropologia compartilhada e do “cine-transe” oferece poucas possibilidades do “objeto observado” de ser um sujeito ativo e autônomo no próprio processo de filmagem. O que se descobriu pouco a pouco interrogando a imagem produzida é que ela não é um reflexo, mas que ela reproduz, ou seja ela constitui, ela fabrica um objeto particular novo em sua natureza e significação em relação ao que ele evoca. Documentar o real é um empreendimento ficcional de uso e reconhecimento que devem ser reivindicados na produção audiovisual da Antropologia. Esse empreendimento se caracteriza da maneira que o historiador Paul Veyne fala a respeito da história, na qual ele afirma que “é uma crítica que diminue as intenções do saber e limita a dizer verdades sobre verdades, sem que exista uma política ou ciência verdadeira com letra maiúscula”.
Curso: Artes Visuais
Nome: Rafael dos Santos Martins
Prof. Luiz Gustavo