uma historia severina
Severina, grávida de quatro meses de um feto sem cérebro, estava internada no hospital para realizar o aborto na mesma tarde em que o tribunal cassou a permissão para interromper a gestação. Era 20 de outubro de 2004. Plantadora de brócolis de Chã Grande, em Pernambuco, mulher de Rosivaldo e mãe de Walmir, Severina peregrinou por fóruns e maternidades por três meses para conseguir autorização judicial para interromper a gestação.
O tribunal cassou a permissão sob pretexto de que o feto iria desenvolver todos os órgãos, membros e partes do corpo como qualquer outro feto exceto o cérebro, sendo assim, se levado em consideração os direitos humanos, o aborto não deveria ser realizado, pois todos temos o direito de viver já que a morte está destinada à todos nós e o sofrimento causado por tal situação de maneira alguma degradaria o ser humano. Porém o feto nasceria morto e toda dor, trabalho e sofrimento teriam sido em vão já que não há nada que os médicos poderiam fazer para evitar que isso acontecesse.
Particularmente penso que o aborto é um ato desumano, pois é uma vida que está sendo tirada e não cabe a nós escolher quem deve viver e quem deve morrer. Porém um ato mais desumano, sem amor e cruel é fazer com que uma mãe leve seu filho dentro de si durante nove meses sabendo que ele irá nascer morto. Para o amor de uma mãe não há fronteiras, é incondicional e submetê-las a tamanha tortura não seria menos desumano do que adiantar a morte certa para um feto que não poderia e não viveria fora do útero de sua mãe.
Sendo assim, concordo plenamente com o aborto em casos como o de Severina, pois o ser humano com vida e que tem direitos nessa situação é ela e não o feto pois neste, praticamente não há vida apenas dor e sofrimento para a mãe.