Um atendimento muito especial
Trabalhando a noite como enfermeira da Unidade de Internação em Ginecologia, onde está o implantado Programa de Atendimento Especial (assistência a mulher que sofreu violência sexual), vivenciei situações atípicas, entre eles, relato um que ficou marcado. Era por volta das 01h00 quando um atendente da recepção juntamente com policiais acompanharam uma cliente até a mim. Moça bonita, com seus 23 anos, estava só e chorava muito (fato bastante comum nestes casos).
Após o acolhimento, estando ela mais calma, começou a me contar a sua historia. Referiu que morava em um bairro de classe media alta em Campinas e retornava do trabalho por volta das19h00. Ao chegar em casa, deu uma volta na quadra, sempre o fazia por motivo de segurança, como havia somente um moço no ponto de ônibus próximo de sua residência, resolveu descer e abrir o portão. Ao perceber que o rapaz vinha em sua direção, se assustou, entrou no carro, saiu novamente e foi até a casa de sua mãe onde jantou e retornou para casa mais tarde. Após cumprir todos os rituais de segurança, observou que não tinha ninguém na rua, desceu do carro e abriu o portão.
Neste momento, o mesmo rapaz do ponto de ônibus pulou de uma árvore, um pé de fícus, plantada na sua calçada. Com muito medo, ofereceu a bolsa, o carro, e tentou pegar seu bebe que estava dormindo no banco de traz, porém foi obrigada a dirigir o carro com o agressor fazendo ameaças ao seu bebê.
Enquanto ela relatava parte da sua história, pedi licença para pegar uma água para ela, mas na verdade eu quem precisava sair, respirar um pouco, pois estava ficando sufocada.
Cada frase relatada eu me via na sua história com uma sobrinha que morava comigo e seu bebe de 2 meses. Moramos em uma rua que tem um ponto de ônibus próximo e havia um lindo pé de fícus em frente a minha casa.
Voltei para a sala, retomei o atendimento, pois não havia outro enfermeiro naquele momento para continuar. Ao entrar na sala a