Técnicas de Pesquisa em Economia
“Na verdade, em nosso recrutamento universitário e no nosso recrutamento em geral, influenciamos fortemente nosso pessoal para um tipo de pesquisa não-científica” (Dr. Donald G. Manly, Diretor da Air Products and Chemical Incorporated).
A suposição de existência de uma ciência neutra e livre de condicionamentos ideológicos, como referência para a tomada de decisões políticas, continua atual. Diante da polêmica criada pelo plantio ilegal da soja transgênica no Brasil, vem crescendo o número de adeptos de um apoio incondicional à transgenia como portadora natural do progresso para a agricultura, e do repúdio à assim chamada “ideologização” do debate por parte dos críticos desta tecnologia. A atitude é autoritária, pois não suporta a possibilidade do pensamento diferente ou contraditório sobre o tema. Sob o título de ciência, os defensores da nova tecnologia se apropriam de artifícios externos ao debate para se qualificarem como autoridades, numa tentativa de imposição de seus argumentos. Ora, se o pressuposto é o científico, por que não ouvir todas as posições? A resposta é que a posição dos críticos da soja transgênica seria ideológica e só prejudicaria o debate. Mas, é possível separar ciência de ideologia? E que critérios estão sendo usados para qualificar uma posição de científica e a outra de ideológica?
A polêmica parece nova, mas é tão antiga quanto a idéia moderna de ciência. Na tradição herdada do positivismo, a ciência é concebida como autônoma e isolada dos conflitos sociais. Sua hipótese básica é de que a sociedade humana funciona com base em leis naturais invariáveis, neutras e, portanto, independentes da ação humana. As classes sociais, as posições políticas, os valores morais e as visões de mundo dos sujeitos envolvidos são encarados como empecilhos à objetividade científica e o pesquisador deve se esforçar para eliminar estas influências do meio social na sua pesquisa. Mas, como o pesquisador pode evitá-las, se ele é