tupiniquim resumo
Há um perigo, porém. Sempre há um perigo. A mesma piada que salva pode mascarar-se em alienação. Como qualquer criação humana, também a piada deve ser essencialmente crítica, já que é de sua pretensão ser isso: uma forma de conhecimento. Ora, quando riso se perde em pura facilidade, em distração morre a atitude critica. E o “jeito piadístico” estará a serviço de nossa inautenticidade. Há indícios, entre nós, de tal coisa: deixar como está para ver como é que fica; não esquentar a cabeça; analisa não; dá-se um jeito. O conformismo brasileiro encontra ai seu terreno de eleição. Justificar, por exemplo, sua própria condição- dependência, insolvência politica, jogos de privilégios- através de um simples “o brasileiro é assim mesmo”, eis o que impede seja criada entre nós uma atitude tipicamente brasileira ao nível da reflexão critica, proposta e assumida como nossa. Desconhecendo- se, mal sabendo de uma razão tupiniquim, o brasileiro aliena-se de dois modos: rindo da sua sem- importância e delirando em torno do “ país do futuro” em variados “anauês”. Na verdade, conformismo e ausência de poder critico, pois nos dois casos há um abandono – “deixa como está para ver como é que fica” –