Estrutura do Trabalho Crítica da Razão do Tupiniquim
Talvez seja impossível o tema deste livro, embora seu título possa ser até sugestivo. Não é fácil escrever sobre algo que só existirá caso seja inventando. Uma Razão Brasileira, não existindo atualmente, precisaria antes do mais ser providenciada, vindo à tona. Então, das duas uma: ou este livro não pode ser escrito ou será uma tentativa de “inventar” esta Razão, seguindo vestígios esparsos no romance, na poesia, na música popular e até – pois é capaz de que mesmo aí transpareça – nalguns livros de Filosofia.
O conformismo brasileiro entra aí seu terreno de eleição. Justificar, por exemplo, sua própria condição – dependência, insolvência política, jogos de privilégios – através de um simples “o brasileiro é assim mesmo”, eis o que impede seja criada entre nós uma atitude tipicamente brasileira ao nível de reflexão crítica, proposta e assumida como nossa. Desconhecendo-se, mal sabendo de uma Razão Tupiniquim, o brasileiro alimenta-se de dois modos: rindo de sua sem-importância ou delirando em torno de um “país do futuro”, em vários “anauês”. N a verdade, conformismo e ausência de poder crítico, pois nos dois casos há um abandono – “deixa como está para ver como é que fica” – e uma esperança mágica – “dá-se um jeito”.
Mas não será apenas isso que irá tornar viável este livro. Uma Razão não se faz com um livro. Provisoriamente, permaneçamos em nossos limites. Não se trata de “inventar“ uma Razão Tupiniquim, mas de propor um projeto, um certo tipo de pretensão certamente quixotesca e evidentemente absurda: pensar o que se é como é.
3- Uma Razão que se expressa
Sempre que uma Razão se expressa, inventa Filosofia. O que chamamos de