TREINAMENTO OU APRENDIZAGEM?
MOZZATO, Anelise Rebelato Mozzato. Para além do ensino técnico: educação dialógico-emancipatória. Passo Fundo: UPF, 2003. p. 84-88.
Qual deveria ser o papel da escola nesse período histórico no qual nos encontramos? Na tentativa de responder a esse questionamento, a pedagogia crítica faz algumas proposições, tomando como premissa básica uma abordagem de escola que se comprometa em fortalecer os(as) alunos(as), além de transformar a ordem social mais ampla segundo interesses de justiça e igualdade. Acredita-se que convém levar essa premissa também para dentro das organizações, no que se refere aos processos de aprendizagem organizacional. Visando a uma melhor compreensão do que ocorre dentro das empresas, no que tange ao aprendizado dos trabalhadores, faz-se necessário estabelecer uma relação direta com a educação escolar e a empresarial, porque, em razão de a educação escolar ser a forma dominante de educação na sociedade atual, pensa-se que as formas não escolares de educação, para serem mais bem compreendidas, devem tomar como ponto de referência a escola.
Nas empresas, estabelece-se uma dicotomia: ao mesmo tempo em que os atuais meios de produção estão exigindo novas competências de seus trabalhadores, as quais se aproximam muito de um pensamento crítico, reflexivo e autônomo, pretendem também que eles continuem numa situação de servidores passivos. Nessa perspectiva, Tedesco (1995, p. 49) afirma:
No sistema capitalista tradicional de produção em massa, ao contrário, gerava-se um funcionamento paralelo, às vezes contraditório, entre as exigências da formação do cidadão e do desenvolvimento pessoal, por um lado – nos quais as qualidades postuladas eram a solidariedade, a participação, a criatividade, o pensamento crítico -, e as exigências da formação para o mercado de trabalho, por outro – a disciplina, a obediência, a passividade, o individualismo. Nos novos modelos de produção, porém, existem a possibilidade e a