trecho entrevista

1331 palavras 6 páginas
JM – O que o senhor indicaria?

ECB – Se “dia-a-dia” significa cotidiano, substantivo, usava o hífen. Se “dia a dia” for locução adverbial, significando diariamente, sem hífen. Isso transfere a obrigação ao homem comum a necessidade de um conhecimento gramatical que normalmente não tem. Por isso, essa reforma aboliu o hífen nas locuções de modo geral. Deixando, a meu ver, erradamente, umas cinco ou seis exceções. Por que não abolir também estas exceções, se são apenas seis? É uma sugestão de diminuir, na medida do possível, as exceções.

JM – No caso de sobreumano/sobre-humano, qual o certo?

ECB – Quando se tem uma palavra começada por “h”, há duas opções. Ou você faz a abolição da letra como em “desumano” ou mantém a letra e coloca o hífen, “sobre-humano”. Então, são estas pequeninas falhas que ficaram no decorrer das discussões que podem ser recuperadas para salvar um momento histórico, que nunca tinha havido antes, no sentido de se reunir Portugal, Brasil e países africanos a chegarem à ortografia uniforme. Mas, para se chegar a esta ortografia única, ficaram algumas pedras no caminho.

JM – E o senhor acha que vai levar muito tempo para remover essas pedras do caminho?

ECB – Não. Em 1825, Almeida Garrett, grande escritor português, no prefácio da primeira edição do grande poema chamado “Camões”, disse, em outras palavras, que o problema da ortografia se resolveria com a boa vontade do governo e da Academia. E hoje temos outras academias, a Portuguesa, a Brasileira... Ora, nosso problema de ortografia depende somente da vontade política. Então, hoje, chegar a esta uniformidade só depende dos governos dos países e dos órgãos representativos, porque esta ortografia de que estamos falando, que nem é uma reforma, é um acordo, veio apenas procurar polir as diferenças entre os dois sistemas ortográficos. E nisso, lá em Portugal se diz que os brasileiros estão aceitando tudo, porque o acordo atende mais a nós do que a eles, não é verdade. Quem diz

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