Transversalidade
Sílvio Gallo
Professor titular e diretor da Faculdade de Filosofia, História e Letras da Universidade Metodista de Piracicaba.
Professor assistente da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas.
Ciclo de Palestras sobre Meio Ambiente - Programa Conheça a Educação do Cibec/Inep- MEC/SEF/COEA, 2001
1. Disciplinarização na ciência
Conhecemos o processo histórico de constituição das diferentes ciências. Com a criação do método científico moderno, naqueles campos de saberes em que indivíduos já vinham há séculos especulando ou mesmo experimentando com o objetivo de produzir um conhecimento dito verdadeiro, o recorte de um objeto definido possibilitou a emergência de uma disciplina.
Assim se deu com a física: as especulações produzidas desde a Antigüidade grega, as experimentações ainda não totalmente metódicas de um Galileu, por exemplo, ao se encontrarem com o método, produziram uma nova forma de olhar o real, buscando a significação última de suas leis fundamentais. Processo semelhante aconteceria com a química, com a biologia e com os demais campos do saber.
A disciplinarização está, pois, na origem da constituição da ciência tal como a conhecemos hoje. Mas essa ramificação, essa capilarização, não é exclusiva da ciência; em certa medida, podemos afirmar que ela é a tendência básica de todo o saber humano. Sendo a realidade múltipla, o intelecto humano, em seu afã de conhecimento, sempre procurou abarcá-la. Num primeiro momento, a tentativa bastante pretensiosa, diga-se de passagem foi a de abarcar a realidade como una, compreendendo-a num saber de totalidade. Assim foi e tem sido com a religião, assim foi e tem sido com as filosofias de cunho metafísico. Mas mesmo aí aos poucos se foi percebendo que essa realidade era mesmo multifacetada, e mesmo que pudesse ser abarcada como totalidade, ela mostraria nuanças e distinções.
Começam aí, nessa Antigüidade da qual nem ao menos podemos