Tragédia dos Comuns
As tragédias dos comuns
24/05/2014 02h00
SÃO PAULO - O que há de comum entre os condomínios paulistanos e o
Conselho Universitário da USP? A resposta é a tragédia dos comuns, a metáfora do biólogo Garrett Hardin para explicar situações em que vários indivíduos, agindo racionalmente segundo seus próprios interesses, exaurem recursos comuns limitados, o que contraria os interesses de longo prazo de todos.
No caso dos condomínios de São Paulo, a realidade da tragédia dos comuns foi escancarada por um experimento natural. Assim que a Sabesp não pôde mais disfarçar o tal de estresse hídrico, ofereceu um belo desconto aos consumidores que economizassem água. A população em geral respondeu bem ao estímulo financeiro, com exceção dos condomínios. É que em boa parte deles o consumo total do prédio é rateado pelo número de unidades. Como não há a individualização da conta, sempre vale a pena tentar tirar um quinhão maior do bem comum.
Na USP, a tragédia veio na forma de generosos aumentos salariais para professores e funcionários e outras despesas que, embora defensáveis individualmente, acabaram por comprometer o orçamento da universidade. A nova carreira dos técnicos, por exemplo, que resultou num incremento salarial médio de 75%, foi aprovada por unanimidade no Conselho Universitário. E isso apesar de um parecer técnico ter informado na ocasião que a mudança exigiria que a universidade utilizasse verbas de sua reserva de contingência.
Os membros do Conselho são quase todos docentes, a maioria com certa ambição política e que odeia indispor-se com colegas e funcionários. Deu no que deu. A folha salarial da USP já consome 105% do orçamento.
A solução mais prática para a tragédia dos comuns é tentar redesenhar as instituições para que todos sejam penalizados ou recompensados por suas decisões individuais. Isso vale tanto para os condomínios como