Trabalhos
→ Pode-se dizer que a etnografia passa a existir quando o pesquisador percebe que ele mesmo deve efetuar sua própria pesquisa de campo e que esse trabalho de observação direta é parte integrante da pesquisa. → Não há mais divisão de tarefas entre o observador (viajante, missionário, administrador) que carregava o papel subalterno de provedor de informações e o pesquisador erudito que, na metrópole, recebia as informações, as analisava e realizava as interpretações. → O trabalho de campo, longe de ser visto como um modo de conhecimento secundário, como mera ilustração da tese, passa a ser considerado a própria fonte de pesquisa. → Esse trabalho de campo passa a orientar a abordagem dos etnólogos, que desde os primeiros anos do século XX, passam a realizar estadias prolongadas entre as populações do mundo inteiro.
Bronislaw K. Malinowski (1884-1942) → Malinowski nos anos 20, do século XX, volta para a Grã-Bretanha impregnado pelos pensamentos e sistema de valores revelados pela população de um arquipélago melanésio. → Malinowski publica em 1922 Os argonautas do Pacífico Ocidental, que dominou a cena antropológica até seu falecimento, em 1942. Considerado o primeiro a conduzir cientificamente uma experiência etnográfica – “a viver com as populações que estudava e a recolher seus materiais, radicalizou essa compreensão por dentro, e para isso, procurou romper ao máximo os contatos com o mundo europeu.” (LAPLANTINE, 2006, p.80). Realizou duas estadias sucessivas nas Ilhas Trobriand. Antes dele ninguém havia tentado penetrar tão a fundo na “mentalidade dos outros, e em compreender de dentro, por uma verdadeira busca de despersonalização, o que sentem os homens e mulheres que pertencem a uma cultura que não é nossa.” (LAPLANTINE, 2006, p.80). → A partir de então os trabalhos antropológicos realizados a partir do desenvolvimento de um trabalho de campo seguem um ritmo ininterrupto. Evans-Pritchard estuda os Azandés (1972 tradução