Trabalhos
Educação física como prática científica e prática pedagógica: reflexões à luz da filosofia da ciência
CDD. 20.ed. 796.01
Mauro BETTI *
*Departamento de Educação Física, Universidade Estadual Paulista.
Resumo
O objetivo deste ensaio é contribuir para o debate epistemológico que se trava na Educação Física brasileira em torno do seu estatuto científico e/ou pedagógico. Para tal, revisa autores brasileiros que tratam do assunto, adotando como parâmetro alguns temas da filosofia da ciência abordados por A. CHALMERS, G. FOUREZ e J. ALVES-MAZZOTTI. A conclusão inicial é que a Educação Física não é uma disciplina científica, mas uma área de conhecimento e intervenção pedagógica que expressa projetos social e historicamente condicionados, os quais, por sua vez levam à construção dos objetos da pesquisa científica, a qual se exercita e transforma constantemente no seio da comunidade acadêmica. No contexto da prática científica, a meta da ciência produzir conhecimentos no encontro com o mundo físico e social - exige controle epistemológico interno, tarefa específica da comunidade científica. Na qualidade de prática pedagógica, o projeto da Educação Física, que o autor define como “apropriação crítica da cultura corporal de movimento”, exige metodologias de pesquisa adequadas, que respeitem a dimensão ético-normativa inerente à prática pedagógica. UNITERMOS: Educação Física; Ciência; Epistemologia; Prática pedagógica; Cultura corporal de movimento.
Introdução
Os discursos sobre a teoria da Educação Física foram classificados por BETTI (1996) em dois grandes grupos: a matriz científica, que concebe a Educação Física como área de conhecimento científico, e a matriz pedagógica, que a concebe como prática pedagógica, como prática social de intervenção. Após apontar as possibilidades e limitações de autores que se polarizavam em uma ou outra matriz, BETTI (1996), buscando a superação dos dualismos recorrentes identificados