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O preconceito de marca ou de cor é, então, baseado na aparência das pessoas, enquanto o preconceito de origem se fundamenta na ideia de sangue. Essa diferença teria levado a constituições bastante distintas do debate racial no Brasil e nos Estados Unidos. Oracy Nogueira destacava que, nos Estados Unidos, havia uma divisão binária entre negros e brancos, cada um com uma consciência própria e uma solidariedade dentro desses grupos raciais. No Brasil, de modo distinto, os indivíduos se definiam por meio de um amplo espectro relacionado à aparência racial e as reações ao preconceito tendiam a ser individuais. O antropólogo destacava ainda que, no país, outros elementos atuariam nessa classificação, como a questão de classe. Por exemplo, o mesmo sujeito poderia ser definido como branco ou como mulato mais claro ou mais escuro de acordo com sua situação de classe. Assim, quanto maior o grau de instrução e a condição econômica de um indivíduo, de acordo com Oracy Nogueira, mais ele se aproximaria da branquitude, nesse amplo espectro de cor.
Esse modo específico pelo qual os brasileiros definem a própria cor ou raça ficaria patente na Pesquisa por Amostra Nacional de Domicílios, a PNAD, de 1976. Ao contrário do Censo, em que a cor se restringe a preto, branco, amarelo, pardo e indígena, naquela PNAD foi solicitado que os entrevistados descrevessem sua cor ou raça em seus próprios termos. O resultado foi surpreendente. Os brasileiros se classificariam em 136 cores diferentes, que incluíam, além das categorias censitárias, as cores: