Trabalho Sobre Anencefalia
Vivemos um momento em que a robustez quanto ao significado das palavras tenta se sobrepor ao homem, ao que ele sente, à sua essência. As metáforas e comparações são impostas às pessoas de forma que estes pensem pouco, quase nada ou nada sobre os novos conflitos que relampejam na sociedade contemporânea. São situações que nos obrigam a conhecer ou fazer conhecer o que não era conhecido, e que, obviamente, levam a maioria dos indivíduos ao que o filósofo da Escola de Frankfurt, George Lukács (1923) denominou de “coisificação”. Segundo Lukács chama-se “coisificação” o processo no qual cada um dos elementos da vida perde seu valor essencial e passa a ser avaliado apenas como “coisa”, ou seja, quanto a sua utilidade, quanto à sua capacidade de satisfazer certos interesses. Lukács concebe o conceito de “coisificação” como produto de uma economia de mercado, em que tudo é medido a partir de seu valor de uso e de troca.
As pessoas se “coisificam”, pois precisam se oferecer como produto no mercado que está em busca da melhor oferta. Essa “coisificação” desumaniza o indivíduo e seu meio social, levando a uma sociedade de trocas, deixando-a desprovida da faculdade de julgar, de razão, do bom senso, de entendimento. Colocando o homem e a condição humana em segundo plano, conforme as suas características, necessidades e interesses. Tratar um feto anencefálico como uma “coisa” é, no mínimo, desconsideração com a angústia que passam mães e médicos diante da difícil escolha que terão que fazer. A pessoa é, o que comumente se fala, uma engrenagem da máquina capitalista, tão bem exemplificada também no filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin (1936).
Qual é o preço que estamos pagando por tudo isso. Que tipo de “coisa” nos tornamos?
Percebemos, com frequência, que as novas tecnologias estão provocando profundas mudanças em todas as dimensões da nossa vida. Elas vêm colaborando, sem dúvida, para modificar o mundo. A