TRABALHO PIAGET
O trabalho do epistemólogo suíço Jean Piaget é, sem dúvida alguma, uma das principais contribuições ao entendimento de como o ser humano se desenvolve. A Epistemologia Genética proposta é essencialmente baseada na inteligência e na construção do conhecimento e visa responder à questão não só de como os indivíduos, sozinhos ou em conjunto, constroem conhecimento, mas também por quais processos e por que etapas eles conseguem fazer isso.
A tese fundamental do pensamento piagetiano é a de que somente uma visão desenvolvimentista e articulada do conhecimento – quer dizer não calcada em estruturas pré-formadas, sejam racionalistas, focadas na anterioridade do sujeito – pode prover uma resposta a problemas que, tradicionalmente, são evitados pela filosofia de caráter meramente especulativo.
Piaget destaca que a Epistemologia Genética objetiva explicar a continuidade entre processos biológicos e cognitivos, sem tentar reduzir os últimos aos primeiros, o que justifica, e ao mesmo tempo delimita, a especificidade de sua pesquisa epistemológica: o termo genético. Ainda destaca que a inteligência é a solução de um problema novo para o indivíduo, sendo uma coordenação dos meios para atingir certo fim, o qual não é acessível de maneira imediata; daí o método genético essencialmente retrospectivo.
Já o pensamento é a inteligência interiorizada e se apoiando não mais sobre a ação direta, mas sobre um simbolismo, sobre a evocação simbólica pela linguagem, pelas imagens mentais. Mas como diz Piaget, ainda anterior ao objeto constituído simbolicamente enquanto tal por um, apenas por então, efetivo sujeito do conhecimento, existe enquanto ação direta, retrospectivamente falando, a zona de contato entre o corpo próprio e as coisas [onde] eles [sujeitos determinados apenas enquanto determinam simultaneamente seu objeto] se empenharam, então, sempre mais adiante nas duas direções complementares do exterior, e é desta dupla construção progressiva que depende a