Trabalho LB 3
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Análise dos poemas “Leito de folhas verdes”, de Gonçalves Dias e “A Cantiga do Sertanejo” de Álvares de Azevedo em relação às Cantigas Medievais
Junho – 2015 A literatura produzida na Idade Média, época costumeiramente nomeada como “Idade das Trevas”, foi inspiradora para o movimento literário denominado Romantismo, no início do século XIX. As chamadas “Cantigas de amigo” e “Cantigas de amor”, por exemplo, cada uma com suas peculiaridades, apresentam a questão do sofrimento amoroso através da ausência do ser amado, temática muito utilizada pelos românticos. Essa fascinação pode existir exatamente pelo fato de a Idade Média ser uma época obscura, aguçando a imaginação dos escritores românticos, tão interessados na força inspiradora. Gonçalves Dias claramente partilha da influência medieval. O poeta, sendo um dos principais introdutores do romantismo no Brasil, consagra elementos típicos das “Cantigas de Amigo” em seu poema “Leito de Folhas Verdes”, unindo a herança europeia com uma das características principais de suas obras, o nacionalismo através da figura do índio, além de toda a relação com a natureza e a espiritualidade. Álvares de Azevedo, por sua vez, também um dos mais importantes poetas do romantismo brasileiro, se inspira nas obras medievais ao escrever o poema “A Cantiga do Sertanejo”, no qual é possível observar clara influência das características das “Cantigas de Amor”. O título do poema de Azevedo já apresenta uma clara ligação com as obras medievais, a denominação “Cantiga”, ou seja, um poema composto por versos e estrofes geralmente curtos para uma possível interpretação musical. Numa aproximação cultural brasileira, a figura do apaixonado no poema é a de um sertanejo, diferente do típico menestrel medieval. Até mesmo o instrumento musical que acompanha a cantiga do menestrel, o alaúde, é substituído por um elemento tipicamente do