trabalho homem e sociedade Mateus
Charles Darwin colocou-nos na incômoda companhia de todos os outros animais. Afirmou que todos somos frutos de uma mesma evolução biológica, assemelhando-nos a nossos parentes mais próximos, os primatas. tendo a ciência confirmado a Teoria da Evolução e encontrado provas inequívocas da sua veracidade, uma saída foi sorrateiramente construída: “Certo, somos animais que, como os demais, participamos do processo evolutivo, mas acreditamos ser essa evolução um progresso: caminha-se do mais simples ao mais evoluído, ao mais elaborado, situando-nos na ponta superior”. É difícil reconhecermos que as mutações aleatórias da evolução dos seres vivos não caminham, necessariamente, a partir de um plano pré-determinado. A evolução poderia muito bem ter acontecido sem a emergência daquilo que chamamos de seres inteligentes (nós mesmos). Pior: pode continuar acontecendo perfeitamente sem a nossa presença, após a extinção da espécie humana.
Sigmund Freud observou, com ironia, que as grandes revoluções científicas auxiliam na derrubada da arrogância humana de seu pedestal anterior, afastando as convicções que temos de nossa posição central e dominadora. A primeira dessas revoluções foi a copernicana, que nos removeu do centro de um reduzido universo e nos remeteu à condição de habitantes de um pequeno planeta que gira em volta de uma estrela, que hoje sabemos ser apenas uma, de quinta grandeza e periférica, dentre bilhões de estrelas numa das mais de 200 bilhões de galáxias existentes. A segunda grande revolução, para Freud, foi a darwiniana, por nos colocar na descendência comum a todos os demais seres vivos. Para Stephen Jay Gould, um dos mais famosos evolucionistas e palentólogos da atualidade, Se é compreensível, porém não justificável, que desejemos ser os senhores do planeta, é preciso olhar agora para o que sabemos sobre como chegamos a ser o que somos hoje. Ao lado da biologia, da paleontologia e