Trabalho escravo

1700 palavras 7 páginas
A ética medieval não começou com a difusão da Ética de Aristóteles. A reflexão patrística sobre o mal e o pecado alimentou toda uma teologia da moral . A ética medieval também não se contentou em assimilar Aristóteles; ela desenvolveu para si a moral filosófica e a concepção aristotélica da felicidade. Sem nunca ter sido dominante, essa tentativa existiu suficientemente para ser expressamente condenada em 1277. Nascida na faculdade de artes, a corrente que alimentou a exaltação da vida filosófica como tal pode ser chamada de "aristotelismo radical", mas também de "aristotelismo ético". Este se define pelo encontro de uma psicologia filosófica particular — a teoria do intelecto do peripatetismo greco-árabe — posta a serviço da interpretação da significação ética e metafísica da contemplação filosófica — a "sabedoria teorética" de Aristóteles.
A posição filosófica do aristotelismo ético é a posição do valor incondicionado da filosofia como vida ética perfeita e realização da própria essência da humanidade do homem, da qual o pensamento é a perfeição própria e última. Contrariamente ao que diz Tomás de Aquino com sua doutrina da beatitudo imperfecta, as palavras de Aristóteles — "bem-aventurados como homens" (1101a, 19-21) — não significam que a felicidade desta vida realiza imperfeitamente o conceito de uma felicidade reservada à pátria celeste, mas antes que ela "realiza perfeitamente o conceito de uma felicidade humana, tal como esta é possível a homens, nesta vida" (R. A. Gauthier). Essa felicidade perfeita é a contemplação filosófica., o conhecimento metafísico de Deus e das substâncias separadas, que, só ela, pode "apaziguar (quie-tare) o intelecto do homem". A convergência da ética, da metafísica e da psicologia define o espaço de um humanismo aristotélico. no qual, de modo muito surpreendente, se inscrevem figuras tão diversas quanto Alberto Magno, Mestre Eckhart, Gilles de Orléans ou João de Jandun. Mesmo se as censuras de 1277 condenam proposições como "os

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