Trabalho ensino superior
Histórico dos questionamentos éticos da experimentação animal
Desde a antiguidade, grandes pensadores, principalmente filósofos, discutiam a relação entre “animais humanos” e “não humanos”. Para Pitágoras (580-500 a.C.), a amabilidade para com todas as criaturas era um dever. Seus seguidores não consumiam carne. Com base na teoria da transmigração das almas, segundo a qual a alma passava sucessivamente de um corpo para outro, inclusive para o corpo de outros animais, deduzia-se que o consumo de carne fosse comparável ao canibalismo.
Alcmaeon (500 a.C.), anatomista, realizava vivissecção, que é o ato de dissecar um animal vivo, com o propósito de realizar estudos de natureza anatomofisiológica. Hipócrates (460 a.C.) utilizava animais em seus estudos com finalidade claramente didática. Relacionava o aspecto de órgãos humanos doentes com o de animais. Aristóteles (384-322 a.C.) realizou estudos comparativos entre órgãos humanos e de animais, constatando semelhanças e diferenças de conformação e funcionamento. Os anatomistas Herophilus (330-250 a.C.) e Erasistratus (305-240 a.C.) também realizavam vivissecções. Posteriormente, Galeno (129-210 d.C.), em Roma, foi talvez o primeiro a realizar vivissecção com objetivos experimentais, ou seja, de testar variáveis a partir de alterações provocadas nos animais.
Vesalius (1514-1564 d.C.) também utilizou métodos de vivissecção, dissecando cadáveres humanos e executando experiências com animais, a partir das quais constatou semelhanças e diferenças entre os funcionamentos dos organismos e desenvolveu um Atlas de Anatomia Humana. Chegou, inclusive, a contestar a exatidão dos dados propostos por Galeno em sua tese de circulação sanguínea.
Montaigne (1533-1592) acreditava que o Criador nos pusera na terra para servi-lo, e os animais são como nossa família. Pregava o respeito não só pelos animais, mas às árvores e plantas. René Descartes (1596-1660) acreditava que os