Trabalho De Ciencias Politicas
Quem quer o impeachment? Parecer jurídico tem mais legitimidade que o povo?
Jornal do Brasil
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Fernando Collor surgiu como a esperança num país devastado no governo anterior por um mar de corrupção, por uma inflação de 1.800% ao ano, pelo desemprego, por um câmbio negro de 200%. Num país com um governo doente, com uma estrutura doente.
Ele representava a esperança de um povo sofrido, o caçador de marajás. Contudo, no governo, se transformou num pesadelo. Sequestrou o dinheiro do povo, mas a solução para a economia não veio. Foi denunciado pelo próprio irmão. O povo, cansado e desiludido, se viu traído por um governo também corrupto, e foi para as ruas. Não foi um parecer jurídico e nem um jurista que legitimou o impeachment de Collor. Quem legitimou o impeachment e quem legitima todas as revoluções num país em crise social é o povo.
As manifestações são os verdadeiros documentos que dão legitimidade jurídica ao afastamento de um presidente. Não era preciso um parecer jurídico, de um jurista, que legitimasse tecnicamente o seu afastamento. A legitimidade vinha de quem pode legitimar o afastamento de um governo eleito democraticamente pelo povo. Vinha do próprio povo.
Quem serão os que querem o afastamento de uma presidenta eleita duas vezes democraticamente, pelo sufrágio universal do voto, repetindo em cada eleição outra vitória? Na segunda vitória, os que queriam seu afastamento mas também não votaram na oposição somaram 27% dos eleitores (se abstiveram, votaram nulo ou em branco). Dilma teve 38% dos votos. Será que os 35% restantes se acham no direito de tirá-la? Para colocar quem?
A razão pela qual o impeachment se fundamentaria é o fato de ela ter pertencido ao conselho da Petrobras, que hoje enfrenta um escândalo de corrupção. Mas e os quatro outros conselheiros? O que fazer com eles? Hoje, um jornal de grande circulação estampou reportagem mostrando protesto de alunos no seu segmento empresarial, que entraram na Justiça