Trabalho de análise antropológico
“A face do outro ou face ao outro: ética e representação etnográfica” de Elsa Lechner
“A Taberna: lugar e revelador da aldeia” de Joaquim Pais de Brito
28 de Maio de 2012
“Na etnografia, o autor é, simultaneamente, o seu próprio cronista e historiador; e embora as suas fontes sejam, sem dúvida, facilmente acessíveis, elas são também altamente dúbias e complexas; não estão materializadas em documentos fixos e concretos, mas sim no comportamento e na memória dos homens vivos.”
In “Os Argonautas do Pacifico Ocidental”, B. Malinowski
A ideia apresentada por Malinowski do que é o trabalho do etnógrafo ou do antropólogo que faz uso do método etnográfico, coincide com ambos os trabalhos a que pretendo fazer referência. Por um lado, a grande importância da “memória dos homens vivos” e da sua credibilidade, por outro, o uso dominante de um documento escrito que traduz as complexas relações vividas, possíveis de apreender através de apontamentos contabilísticos.
Numa breve diferenciação dos dois temas apresentados, deve mencionar-se a distinção do espaço físico de encontro com o objeto de estudo, a forma como se estabelece a ligação com o mesmo, a diferença temporal entre os trabalhos de campo, o envolvimento pessoal entre investigador/investigado, e objetivos dessa ligação. Desta forma se mostra como difere a prática etnográfica perante o objeto de estudo e quem o realiza.
Baseado num trabalho de campo pós revolução de abril, iniciado em 1975, Pais de Brito dá a conhecer em “Retrato de aldeia com espelho: ensaio sobre Rio de Onor”, uma aldeia nas proximidades de Bragança, de estreitas relações com a aldeia vizinha Rihonor de Castilla (Espanha). No texto de “Lugares de Aqui” faz alusão à taberna/mercearia existente no lado espanhol, como local de reunião da aldeia, comércio de bens essenciais, e revelador (como ele próprio descreve) das relações e alterações sociais vividas pelo povo. O seu trabalho tem por base a