Todorov
Para se ler este texto deve-se partir do pressuposto de que, de modo geral, Todorov faz distinções acerca de como se trata da questão humana das novas descobertas. De um modo analítico, o autor nos mostra que o “eu” é detentor de discurso, europeu, branco, homem e ocidental, enquanto o “outro” é ‘silêncio’, construído pelo ‘eu’, oriental, índio, pobre e mulher. Pois é da descoberta que o eu faz do outro que o autor fala. Insinua que se pode descobrir os outros em si mesmo, ou seja, eu é um outro também e deste modo há essa forma ambígua de se ver. E isto sem desprezar o princípio de que cada um dos outros é uma forma distinta, tão sujeito como o eu. Ainda se pode conceber os outros de forma abstrata, como uma imagem psíquica. Ou então como um agrupamento social que de fato nós não fazemos parte, como fora supracitado atentando-se a questão do outro.
Nesse ambiente, Todorov escolheu abordar o relato da descoberta e conquista da América. O ponto central do texto é o de que, nesse contexto, esse prostrar-se diante do outro é sem dúvida o encontro mais surpreendente de nossa história. O encontro nunca mais atingirá tal intensidade, reitera o autor, de modo contundente. O choque que teve princípio em 1492 com a chegada do próprio Colombo, a forma completa, mas ao mesmo tempo subtraída de relatar presente nos relatos de Colombo. A auteridade revelada e renegada é ausente, podemos observar a indiferença de Colombo frente ao outro no ponto em que este mesmo foca-se no anônimo, a fim de ocupar as lacunas deixadas por o que seria a análise do outro. O egocentrismo e o individualismo exercido por ele são explicitados no primeiro parágrafo, como Todorov diz no texto: “Mulheres para os homens, os ricos para os pobres, os loucos para os ‘normais’”. (p. 3) O preconceito embutido nestes conceitos é visto com certa ‘naturalidade’ ao ponto que esta segregação é