Tocqueville, a democracia e o individualismo
Filed under: Decadência do Ocidente,Política,Portugal,Ut Edita — O. Braga @ 11:39 am
Tags: burguesia, democracia, Estado, liberalismo, monarquia, Portugal, Tocqueville
«Sabedores os trezentos, ou quem os dirige, que a civilização europeia, pelos seus fundamentos gregos, é radicalmente individualista; que a civilização moderna é, de per si individualista também, pois que avançou para além da fase corporativista que é característica do início de todas as civilizações e do seu estado semi-bárbaro, viram bem que, convertendo em anti-individualista e corporativista o novo monarquismo, conseguiam um triplo resultado, de três modos servidor dos seus fins: nulificar a acção futura profunda desse monarquismo desadaptando-o do individualismo fundamental da nossa civilização; pô-lo em conflito com o individualismo moderno, nascido do progresso das nações e da multiplicação de entre-relações e culturas; atirar com ele contra os princípios helénicos e clássicos.»
- Fernando Pessoa, o grupo dos 300 e a sua influência cultural na Europa
Quem ler atentamente este blogue verificará nele uma forte influência ideológica de Tocqueville. Eu sou um “tocquevilliano”, entre outras razões porque Tocqueville é hoje muito actual face ao “despotismo democrático” em que vivemos.
Um outro elemento que contraria o “despotismo democrático”, para além das associações, é o Rei. O Rei e as associações de cidadãos livres podem, até certo ponto, sarar as feridas da liberdade, abertas pela erradicação democrática da aristocracia.
O texto de Fernando Pessoa supracitado reflecte o problema central da política, que é a relação entre o indivíduo e a sociedade. Em algumas religiões políticas prevalece o interesse do indivíduo sobre a sociedade e noutras a sociedade sobre o indivíduo. E depois, há nuances entre estes dois extremos, mais ou menos legítimas, mais ou menos falaciosas.
Alguns liberais contemporâneos dizem que Tocqueville era liberal. Nada