Tijolos feitos com subprodutos da indústria do papel
Considerado um produto altamente prejudicial ao meio ambiente, as embalagens de cimento podem ser aproveitadas na criação de um dos materiais mais utilizados nas próprias construções: o tijolo. É o que mostra o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Márcio Buson, da Universidade de Brasília. Ele criou um bloco compactado composto por terra, cimento e papel utilizado nas embalagens de cimento, o papel kraft.
O experimento passou por testes de resistência a impactos e ao fogo e é apontado por pesquisadores da UnB como uma alternativa de uso na construção civil e de aproveitamento dos sacos de cimento, considerados altamente poluentes. “O saco de cimento inutilizado possui substâncias nocivas que contaminam o solo e até o lençol freático”, aponta a professora Rosa Maria Sposto, orientadora da pesquisa.
A fabricação do krafterra, nome dado ao bloco, é composta por cinco etapas. Primeiro os sacos de cimento são limpos para que os resíduos não causem danos ao equipamento. O papel kraft é posto então em água e agitado até formar uma polpa de celulose. Depois, o excesso de umidade é retirado, a celulose triturada e, em seguida, compactada com o cimento.
A técnica utilizada pelo professor na criação do bloco é semelhante a do Bloco de Terra Compactada (BTC). Segundo o empresário do ramo de construção sustentável e revendedor de máquinas para a produção de BTC, Carlos Prata, o material é utilizado principalmente na construção de casas populares, por ser mais econômico. O BTC é criado a partir da compactação de uma porção de solo junto a outros aditivos. Sua forma mais popular é o solo-cimento, que consiste numa mistura de 88% de terra e 12% de