Texto Sobre Sistema De Tra Os Distintivos
Flaviane Romani Fernandes1 e-mail: flaviane@gmail.com
INTRODUÇÃO
Há alguns anos já vêm sendo questionados modelos teóricos, como o estruturalista, que assumem o fonema como unidade mínima de análise. Suponhamos um exemplo de regra de transformação fonológica possível em português brasileiro (doravante PB), representada em termos de fonemas:
(1) s → z / V _ V2
Este tipo de formalização de regra, baseada em fonemas, não revela com clareza o processo fonológico ocorrido. A regra formalizada acima apenas mostra que um dado som se transforma em outro, quando ocorre entre outros dados sons. Desta forma, é como se os processos fonológicos ocorressem sem motivação nenhuma, como num ‘passe de mágica’. Se assim fosse, poderíamos ter qualquer tipo de transformação fonológica em uma língua como, por exemplo: (2) t → a / _ b
Todavia, a ocorrência de regras fonológicas como esta são impossíveis de ocorrer nas línguas do mundo, posto que não há motivação nenhuma, ou, em termos lingüísticos, não há contexto fonológico favorável para que a consoante oclusiva dental “t” se transforme em uma vogal baixa não arredondada “a” antes de uma consoante oclusiva bilabial “b”. Portanto, para que um processo fonológico se dê em uma determinada língua, é necessário que haja motivação, ou seja, contexto fonológico que propicie sua ocorrência.
Como pudemos observar, a representação
de processos fonológicos representada apenas por fonemas não captura as transformações fonéticas e fonológicas envolvidas nestes processos. Por isso, precisamos de unidades que capturem melhor as características fonológicas dos segmentos envolvidos nos processos fonológicos: os traços distintivos.
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Pós-Graduação IEL/Unicamp
Este tipo de regra ocorre em seqüências do tipo ‘pais e filhos’, sendo produzida como [pajzifis].
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Podemos definir um conjunto de traços distintivos como um conjunto específico de propriedades que constituem os fonemas.